Dra Rosa Avilla: conectando a anestesiologia e a música julho 18, 2021julho 19, 2021 No último sábado (17), durante a abertura do 2º Congresso Brasileiro de Inovação e Gestão em Saúde, a SBA fez o lançamento do videoclipe em homenagem aos anestesiologistas do Brasil. O vídeo é um projeto desenvolvido em conjunto com a dra. Rosa Avilla, anestesiologia e intérprete, que compôs, junto com o maestro e compositor David Pasqua, a canção “Sopro de Vida”, especialmente desenhada para abordar o trabalho do anestesiologista no enfrentamento à Covid-19, retrata o quão incansáveis foram e continuam sendo nesta realidade que emplacou o Brasil. Dra. Rosa acredita que os anestesiologistas são parte importante da vida das pessoas “Somos parte integrante da vida das pessoas desde o seu nascimento, desde seu primeiro sopro de vida, e raramente alguém se lembra da gente”. Confira abaixo a entrevista feita com a dra. Rosa, na qual ela fala um pouco sobre como a carreira como artista e sobre o seu processo criativo. SBA: A senhora compartilhou conosco que a música sempre foi algo presente em sua vida, mas que acabou se afastando por conta da medicina, então como foi esse retorno após tantos anos? Dra. Rosa Avilla: A música é poderosa e ciumenta, mas qualquer dom exige que você faça algo com ele para devolvê-lo ao mundo. Sempre estive perto da música, porém mais longe do que um dom ou um sonho exigem. Estudei canto erudito por 10 anos e a técnica ficou adormecida. Precisava estimulá-la. Há cerca de 2 anos, com meus filhos já formados, conheci meu produtor musical, o maestro e compositor David Pasqua. Foi o acaso, ou talvez, o universo conspirando positivamente. A partir de então passei a montar repertórios populares e a me apresentar em casas em São Paulo, sempre lotadas de amigos incrédulos. Mesmo com a pandemia, estudei e aprimorei técnicas de transmissão, produzi muita música e tenho um programa de variedades no Youtube. Comecei a fazer trabalhos muito sérios e não pretendo parar mais! SBA: Imagino que não seja fácil conciliar a carreira médica com a de artista, qual o segredo? RA: O segredo, na verdade, não é segredo. A mesma recomendação de sempre e foi assim por toda a minha vida pessoal e profissional: determinação, trabalho e completa ausência de preguiça! Para alcançar um objetivo, qualquer que seja ele… Como, por exemplo, passar no TSA, precisa MUITA dedicação. SBA: A SBA a convidou para compor e produzir um videoclipe em homenagem aos anestesiologistas. Poderia nos contar um pouco sobre o processo criativo? RA: O convite foi feito há muitos meses, logo depois do jingle e clipe que também compus para a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista para a campanha “Mulheres Também Infartam”. O dr. Takaschima (dr. Augusto Takaschima, diretor presidente da SBA) acreditou que nós anestesiologistas, que sempre vivemos nos bastidores e que ganhamos notoriedade nesta pandemia, merecíamos um carinho. E foi pensando em fazer um carinho que surgiu letra e melodia. A inspiração foi genuína e veio da sinceridade. Meu produtor musical, David Pasqua, com sua expertise de músico, finalizou o projeto musical. SBA: Qual a mensagem central o clipe passa?RA: A mensagem diz respeito à nossa importância enquanto anestesiologistas: somos parte integrante da vida das pessoas desde o seu nascimento, desde seu primeiro sopro de vida, e raramente alguém se lembra da gente. Nesta pandemia, saímos um pouco do ostracismo e trabalhamos muito duro, creio que ainda sem o reconhecimento devido e necessário da sociedade leiga. Mas eu queria mesmo é dar luz à especialidade e à nossa própria consciência da nossa importância enquanto médicos e especialistas dedicados! SBA: Gostaria de acrescentar alguma informação? RA: A vida é feita de sonhos e projetos. Queria convidar meus colegas a construírem e buscarem os seus. Quem teve Covid, quem trabalhou com pacientes Covid e sua gravidade, quem é anestesista e todos os dias se depara com a tênue linha que separa o momento em que você existe de fato e, num segundo, ficou apenas na memória das pessoas, precisa acreditar que ter sonhos e projetos tem que ser AGORA. Não podemos nos dar ao luxo de deixá-los para depois. O amanhã começa hoje. Aldir Blanc, médico psiquiatra que faleceu de Covid dizia: “Batidas na porta da frente, é o tempo”…. Que resposta você tem a dar ao tempo? Veja o clipe abaixo Intérprete: dra. Rosa AvillaComposição: David Pasqua e dra Rosa AvillaPiano: David PasquaProdução: Fábrica Produções MusicaisDireção: David Pasqua Realização: SBA Letra Ouça a minha mensagem De força e coragem Em zelar por alguém Calma, são dias pesados De luta incessante De quem quer o bem. Creio que falta pouco Pro dia de sol enfim chegar. Canta, serão só lembranças As noites insones, Tudo vai passar. Por tuas mãos nasce saúde, sopro de vida, despertar.
O uso da telemedicina na prática da anestesia junho 14, 2021junho 14, 2021 Por dr. Antonio Luis Diego A telemedicina não é um método novo de se fazer medicina, nem entre nós. O prefixo “tele”, como em televisão e telefone, refere-se à atividade à distância. Os dois meios de comunicação mencionados há muito tempo servem como veículos que, de certo modo, atuam na prática da medicina ao “encurtar” a distância física e, por conseguinte, o tempo necessário para alguma orientação que, muitas vezes, pode até vir a salvar vidas. Por outro lado, quantos aos programas televisivos sobre saúde que são exibidos diuturnamente em meios de comunicação, como rádio e televisão, pode-se dizer que não são personalizados, mas não deixam de ser, quando éticos e bem apresentados, uma parte importante da medicina preventiva. Hoje, por meio dessas mídias, a população obtém informações importantes para escolhas pessoais sobre a sua saúde, de seus familiares e até comunidades inteiras. A questão da telemedicina que por ora se impõe é a utilização regular e regulamentada da prática médica no “stricto senso”, seja na realização de uma consulta pré-anestésica, ou no seguimento de pacientes em clínicas de dor, por exemplo. Apesar de ter se tornado uma realidade nesses tempos da Covid-19, com o distanciamento social, tornando-se uma medida de saúde pública, a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) 1643/2002 já estabelecia alguns critérios importantes para a sua realização seguindo a Declaração de Tel Aviv na 51ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial em 1999 que definia a telemedicina como o exercício da medicina à distância, cujas intervenções, diagnósticos, decisões de tratamento e recomendações estão baseadas em dados, documentos e outra informação transmitida através de sistemas de telecomunicação”. Nesse conceito, portanto, a telemedicina não é considerada apenas uma ferramenta, mas a utilização de recursos digitais intensivos para ampliar os serviços, a logística e os cuidados de saúde aos pacientes (Chao L W/2018). A Lei Nº 13,979, de fevereiro de 2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde (Covid-19), e a Portaria do Ministério da Saúde Nº467, de março de 2020, são os marcos jurídicos que abonam a realização da teleconsulta, da teleorientação e do telemonitoramento, ainda que em caráter excepcional. São diversos os aspectos que denotam estudo e regulamentação na telemedicina, não apenas o técnico e de certificação, mas muitos outros que vão desde os aspectos éticos, jurídicos até o remuneratório. A SBA vem atuando sobremaneira para que todos esses pontos sejam abordados e bem compreendidos por todos os associados. Com essa finalidade foi criada uma Comissão Temporária de Telemedicina e Inovação que continuará os trabalhos que já vinham sendo realizados anteriormente. Essa comissão acompanhará os avanços nesse campo, assim como a regulamentação que está sendo estuda pelo Conselho Federal de Medicina.
Plataforma de telemedicina é parceira do Clube de benefícios SBA junho 14, 2021junho 14, 2021 Por dr. Pablo Britto DetoniNa hora de escolher a plataforma, é fundamental o planejamento. Não realizar consultas improvisadas pelo telefone ou aplicativos que, apesar da facilidade, pode não ter segurança. A SBA fechou uma parceria com a CONEXA, empresa especializada em teleconsulta médica no intuito de dar uma opção para o sócio SBA. As consultas pré-anestésicas podem ser realizadas no modelo “Freemium” da empresa, que é gratuito e atente os 5 princípios básicos para a tele consulta: Confidencialidade, integridade, disponibilidade dos dados, conformidade e a autenticidade. Acesse a página da Conexa e saiba mais Descrição da parceria: O iMedicina é a solução da Conexa com todas as ferramentas digitais que o médico precisa para garantir ao seu paciente a melhor experiência. Com o iMedicina, o sócio SBA terá acesso a agenda, prontuário e prescrição eletrônicos, telemedicina, agendamento on-line, gestão financeira, entre outras funcionalidades gratuitamente.
O que os olhos não veem… maio 17, 2021maio 19, 2021 Por dra. Aline Yuri Chibana O ato anestésico-cirúrgico foi um “sucesso”, você extuba o seu paciente e o encaminha à sala de recuperação anestésica (SRA). Posteriormente, um colega seu dará a alta para o leito enquanto você já está realizando outra anestesia. O dia se passa, a semana, o mês. Foram dias bons sem nenhuma intercorrência, você pondera. Mas será mesmo? O quanto sabemos dos nossos pacientes a partir do momento que os tiramos da sala de cirurgia? O que acontece com eles na SRA, enfermaria, em casa? Sessler avaliou em sua publicação que a mortalidade intraoperatória por causa anestésica decaiu tanto nas últimas décadas que a pós-operatória em 30 dias chega a ser 1.000 vezes maior (1). Análises do ASA Closed Claims mostram que 5 a 7% dos processos judiciais estavam relacionados à SRA e que quase 70% resultaram de complicações respiratórias e vias aéreas. Erros ou atrasos diagnósticos foram citados em mais da metade dos casos (2). Sabemos ainda que à medida que o paciente se afasta de nossos cuidados, da sala de cirurgia, para a SRA e depois a enfermaria, a mortalidade aumenta em decorrência de uma complicação; 44,8%, 51% e 64,7%, respectivamente (3). Some a isso o fato de que um paciente que apresente algum incidente na SRA como hipotensão, dessaturação ou sedação terá mais chances de necessitar do acionamento do time de resposta rápida na enfermaria (OR 3.08, 2.21 e 10.67, respectivamente)(4). Mas é claro, o acionamento ocorrerá se a enfermagem o detectar a tempo. Outro estudo de Sessler, que avaliou 833 pacientes pós-cirúrgicos, encontrou que episódios hipoxêmicos são muito comuns e persistentes e que 90% deles não são identificados pela enfermagem (5). De fato, mais da metade de todos os eventos cardiorrespiratórios ocorrem na enfermaria, com mortalidade superior a 40% (6). Identificar pacientes de risco é fundamental para garantir uma recuperação segura. Estudos recentes mostram que pacientes masculinos, acima de 60 anos, virgens de opioide, com desordens do sono e/ou insuficiência cardíaca possuem riscos elevados de depressão respiratória induzida por opioides, por exemplo. A simples oferta de O2 suplementar diminuiu a incidência de 46% para 8%! (6). Estamos habituados a realizarmos um planejamento meticuloso para o manejo intraoperatório. Por que não estender este planejamento para além do centro cirúrgico?. Se o que os olhos não veem, o coração não sente; o cérebro sabedor de todos estes dados poderá nos guiar para elevar a segurança anestésica no perioperatório. Referências Sessler DI, Khanna AK. Perioperative myocardial injury and the contribution of hypotension. Intensive Care Med. 2018;44(6):811-22. Kellner DB, Urman RD, Greenberg P, Brovman EY. Analysis of adverse outcomes in the post-anesthesia care unit based on anesthesia liability data. J Clin Anesth. 2018 Nov;50:48-56. doi: 10.1016/j.jclinane.2018.06.038. Epub 2018 Jun 29. PMID: 29979999. Bocanegra-Rivera JC, Arias-Botero JH. Caracterización y análisis de eventos adversos en procesos cerrados de anestesiólogos apoderados por la Sociedad Colombiana de Anestesiología y Reanimación (S.C.A.R.E.) en Colombia entre 1993–2012. Rev Colomb Anestesiol. 2016;44:201–208 Petersen Tym MK, Ludbrook GL, Flabouris A, Seglenieks R, Painter TW. Developing models to predict early postoperative patient deterioration and adverse events. ANZ J Surg. 2017 Jun;87(6):457-461. doi: 10.1111/ans.13874. Epub 2017 Feb 1. PMID: 28147435. Sun Z, Sessler DI, Dalton JE, Devereaux PJ, Shahinyan A, Naylor AJ, Hutcherson MT, Finnegan PS, Tandon V, Darvish-Kazem S, Chugh S, Alzayer H, Kurz A. Postoperative Hypoxemia Is Common and Persistent: A Prospective Blinded Observational Study. Anesth Analg. 2015 Sep;121(3):709-15. doi: 10.1213/ANE.0000000000000836. PMID: 26287299; PMCID: PMC4825673. Khanna, Ashish K et al. “Prediction of Opioid-Induced Respiratory Depression on Inpatient Wards Using Continuous Capnography and Oximetry: An International Prospective, Observational Trial.” Anesthesia and analgesia 131,4 (2020): 1012-1024. doi:10.1213/ANE.0000000000004788
Os impactos do excesso laboral do anestesiologista na qualidade e segurança maio 17, 2021maio 19, 2021 Por dr. Luis Antonio dos Santos Diego A segunda onda da Covid-19 vem sobrecarregando o sistema de saúde e, por conseguinte, comprometendo a saúde do profissional que estão cotidianamente expostos ao SARS-CoV2 em situações de intenso estresse. Esse excesso laboral, fator relevante para o esgotamento profissional, vem levantando preocupações sobre sua participação na qualidade e segurança do paciente. Essa relação não é recente, Dyrbye et al. há dez anos reconhecia que o physician burnout era uma ameaça potencial ao atendimento de qualidade1. Burnout pode ser definido como uma síndrome psicológica determinada por exposição prolongada a estressores interpessoais crônicos no ambiente de trabalho. Seus principais sintomas são: exaustão avassaladora, desmotivação no trabalho com sensação de ineficácia e de falta de realizações. Muitos aspectos do atendimento ao paciente podem ser comprometidos por profissionais acometidos por burnout, principalmente a empatia e redução na satisfação do paciente com o atendimento. Os grandes avanços na medicina, especialmente na prática da anestesiologia, ampliaram o escopo funcional do especialista, aumentando assim suas responsabilidades e obrigações profissionais. O anestesiologista está exposto a uma ampla variedade de perigos potenciais que podem ser prejudiciais à sua saúde em geral. Essa exposição inclui situações desafiadoras e inevitáveis tendo que, o profissional, resolvê-las individualmente. A Covid-19 é um exemplo atual e manifesto do potencial risco biológico ao qual também os anestesiologistas estão expostos cotidianamente em sua prática laborativa, mas também um potencial risco próprio da natureza da atividade laboral. A exaustão emocional, em seu nível mais alto, pode levar à despersonalização O esgotamento pode afetar a qualidade e a segurança da saúde de várias maneiras. Na verdade, a escassez de recursos humanos pode fazer com que os profissionais dispendam menos tempo com os pacientes e, potencialmente, sejam mais diretivos do que colaborativos e centrados no paciente. Além disso, a síndrome de burnout tem sido associada a deficiências cognitivas, incluindo déficit de atenção2. Salyers et al3. realizaram uma metanálise com o objetivo de analisar a associação entre profissionais com síndrome de burnout e a qualidade e segurança. Apesar de não encontrarem uma relação robusta que firmasse categoricamente uma associação entre a síndrome de burnout e a diminuição da qualidade e segurança do paciente (variação entre 5 e 7%). Embora o tamanho do efeito não seja exuberante, esse estudo representa uma parcela de estudos nos quais resultados estatísticos medianamente aceitáveis contribuem sobremaneira para uma visão do mundo real. O anestesiologista deve, portanto, saber sopesar o seu comprometimento com o seu trabalho e as obrigações pessoais, inclusive de lazer e vida interior. Referências bibliográficas: Dyrbye LN, Shanafelt TD. Physician burnout: a potential threat to successful health care reform. JAMA. 2011 May 18;305(19):2009-10. doi: 10.1001/jama.2011.652. PMID: 21586718 van der Linden D, Keijsers GPJ, Eling P, van Schaijk R. Work stress and attentional difficulties: an initial study on burnout and cognitive failures. Work and Stress. 2005;19:23–36. doi:10.1080/02678370500065275. Salyers MP, Bonfils KA, Luther L, Firmin RL, White DA, Adams EL, Rollins AL. A Relação Entre Burnout Profissional e Qualidade e Segurança em Saúde: Uma Meta-Análise. J Gen Intern Med. 2017 Abr;32(4):475-482. doi: 10.1007/s11606-016-3886-9. Epub 2016 Out 26. 27785668; PMCID: PMC5377877.
Mês de abril e a Segurança do Paciente abril 7, 2021abril 14, 2021 Por dra. Michelle Nacur Lorentz Dia 1º de abril é celebrado como o Dia Nacional da Segurança do Paciente e dia 7 de abril o Dia Internacional da Saúde. O conceito de segurança nos cuidados com a saúde sofreu grande impacto em novembro de 1999 com os dados coletados no trabalho “O Erro é Humano”. Tal publicação trouxe à tona uma realidade catastrófica: 4% dos pacientes hospitalizados sofrem algum tipo de evento adverso, sendo o fator humano responsável pela maioria desses eventos! Isso gera em torno de 44mil a 98 mil mortes ao ano nos EUA, matando mais que acidentes de trânsito, câncer de mama ou Aids. A partir de então, esforços foram enviados, de entidades governamentais e não governamentais, para aumentar a segurança nos sistemas de saúde e passou-se a desenvolver sistemas complexos para mitigar os erros e reduzir a mortalidade. O Instituto Mundial de Saúde preconizou que os serviços de saúde devem ser seguros, pontuais, efetivos, eficientes, ter equidade e manter o foco no paciente, criando o acrônimo STEEEP. A World Alliance for Patient Safety lançou o lema “Primeiro não fazer o mal” e a segurança passou a ser preocupação constante nos cuidados com a saúde. O elemento segurança tornou-se particularmente importante na anestesia, atividade intrinsecamente perigosa sem ser intrinsecamente terapêutica. Tanto é que a APFS tomou como lema que “nenhum paciente deve sofrer dano devido a anestesia”. A OMS lançou, entre 2007 e 2008, seu segundo desafio global: “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”. Neste sentido, recomendaram a utilização de checklist antes de cada procedimento anestésico-cirúrgico. Em 2009, um trabalho publicado no NEJM demonstrou que, após implementação do checklist antes das cirurgias, as complicações reduziram de 11% para 7% e a mortalidade de 1,5% para 0,7%. Apesar de tal recomendação, muitos serviços ainda não implementaram o checklist rotineiramente e trabalhos posteriores demonstraram que em 10 a 15% dos casos há esquecimento de checar pelo menos 1 item do checklist e que a falha ao checar é responsável por 22 a 33% dos incidentes críticos em anestesia. Em 2017, H. Higsham e B Baxendall publicaram artigo no BJA demonstrando que os cuidados com a saúde são atividades de alto risco, com maior mortalidade que escalar montanhas ou pular de Bungee Jumping. Portanto, esforços contínuos devem ser envidados visando aumentar a segurança do paciente, a redução ou mitigação de atos não seguros nos sistemas de assistência à saúde, além da utilização de melhores práticas para conduzirem aos melhores resultados. No âmbito individual recomenda-se atualização científica, compromisso, atenção, treinamento em simulação e boa comunicação com o cirurgião. Na esfera da equipe, recomenda-se trabalhar as competências técnicas e habilidades não técnicas, autonomia, baixa dependência do gestor e mecanismos de autocorreção. Na coordenação, recomenda-se defender os interesses da equipe, comunicação adequada, resolução dos conflitos de forma clara e transparente, valorização do indivíduo e fornecimento do feedback, de forma a tornar o coordenador um líder e não apenas um chefe. Da mesma forma as reuniões periódicas, treinamento contínuo e debriefing tornariam a equipe mais eficiente aproximando-a das equipes de alta performance. Com tudo isto, conseguiríamos transformar a cultura da culpa em uma cultura de segurança. Referências: N Engl J Med 2009; 360: 470-479. Anesth Analg 2015, vol 121, 4: 1097-1102. Brit J Anaesth 2017; 119 (S1): il06-il14.
Núcleo de Gestão de Trabalho do Anestesiologista fevereiro 2, 2021fevereiro 8, 2021 A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) não possui prerrogativas legais para negociações trabalhistas e honorários, próprias dos sindicatos e outros organismos, entretanto, considerando a missão de Formar – Educar – Certificar – Representar, compromete-se a acompanhar, discutir e orientar seus associados sobre os rumos da valoração da prática laboral do anestesista. >Saiba mais sobre o NGTA no SBA Podcast Com base nisso, surgiu o Núcleo de Gestão do Trabalho do Anestesiologista (NGTA), lançado no final de janeiro, durante um webinar da Defesa Profissional. O projeto tem o propósito de promover ações transformadoras da lida do anestesiologista por meio da educação e formação nas concepções atuais de gestão em saúde. Como objetivo primário, o NGTA irá promover, no âmbito da SBA, a ampla discussão de temas relacionados à valoração do trabalho do anestesiologista, especialmente aqueles relacionados à qualidade e discriminação dos aspectos que sejam considerados, ou possam vir a ser, incrementos na participação valorativa da sua atuação. O NGTA é coordenado pelo dr. Luis Antonio Diego, diretor de Defesa Profissional da SBA, e conta com a participação do dr. Augusto Takaschima, diretor presidente da SBA, e do dr. Luiz Fernando Falcão, diretor de Relações Internacionais, além dos membros efetivos: Dr. André Luis Ottoboni (Saesp) Dr. Mauro P. de Azevedo (Saerj) Dr. Pablo Detoni (Saeb) Dr. Guinther G. Badessa (Saesp) Dr. Wagner de Sá (Febracan) Dr. Carlos Galhardo (Saerj)
Sobre a quebra de Paradigmas fevereiro 1, 2021fevereiro 8, 2021 Por Michelle Nacur Lorentz Prezados colegas, Tenho pensado muito sobre as normas, condutas e comportamentos que formam e sempre formaram o padrão do anestesiologista. E vejo com alegria que, da mesma forma que esses padrões preestabelecidos moldaram nosso comportamento profissional por muitos anos, acontecimentos recentes nos auxiliaram no sentido de nos desenvolver na ciência, nas habilidades não técnicas e no crescimento pessoal. Rompemos barreiras. Hoje atuamos em todos os setores dos hospitais, somos altamente preparados para o atendimento da PCR, aceitamos inovações e incorporamos mudanças. Atuando em todas as frentes, fomos o vetor fundamental para o atendimento de pacientes da Covid-19. Nós salvamos vidas e mudamos prognósticos. Não somos meros “intubadores”. Somos fundamentais, atuamos com maestria na tênue linha que separa a vida da morte. Parece que estamos começando a ser reconhecidos pelos nossos pares, mas, mais importante que isso, pelos nossos pacientes. Penso que há algo de transcendente em nossa atividade profissional. E isso é algo maravilhoso! Saímos da nossa zona de conforto e quebramos paradigmas. Estamos nos superando, nos tornando profissionais mais completos e caminhando para nos tornar a melhor versão de nós mesmos. Orgulho de ser anestesiologista!
Vacinação e anestesiologistas fevereiro 1, 2021fevereiro 8, 2021 Por Daniel Veloso Viana Bomfim e Michelle Nacur Lorentz Iniciamos o primeiro mês do ano e as notícias não foram animadoras. A pandemia do novo coronavírus continuou a se alastrar e ceifando vidas, com intensidade maior no estado do Amazonas, onde ocorre grave crise sanitária, pior do que no inicio de 2020. No dia 17 de janeiro de 2021, ressurgiu a esperança por dias melhores, quando o primeiro brasileiro foi vacinado no estado de São Paulo. Ao longo da pandemia foi iniciada uma corrida pela vacina, capitaneada por alguns laboratórios e importantes universidades de todo o mundo, devido a urgente demanda de uma vacina com eficácia comprovada. A participação brasileira ocorreu por meio de parcerias entre as instituições Fiocruz e Butantan, com os laboratórios AstraZeneca e Sinovac. A Sociedade Brasileira de Anestesiologia, durante todo o período da pandemia, manteve-se atuante através da criação de chat para responder dúvidas sobre a Covid-19, publicações e elaboração de vídeos e protocolos de manejo das vias aéreas, uso de EPIs e manejo perioperatório. Os anestesiologistas em todo o país foram contemplados com atualização e conteúdo científico online, além de orientação via chat diariamente. O compromisso dos anestesiologistas com a vida suplantou o medo do risco de contaminação pela alta geração de aerossóis durante o manejo das vias aéreas. Embora muitos dos nossos tenham perdido a vida, os colegas mantiveram-se firmes na linha de frente e a anestesiologia passou a atuar em todos os setores do hospital, desde o PA até os centros de terapia intensiva, atuando de forma heroica, salvaram inúmeras vidas. O estado do Amazonas, enfrentando uma situação caótica contou com a participação ativa da SBA, bem como de anestesiologistas de todo o país, que em parceria com a Associação de Anestesiologia do Estado do Amazonas realizaram uma campanha por doações para compra de EPIs e orientações na atuação dos anestesiologistas. Mais uma vez comprovamos a união da nossa especialidade e o verdadeiro conceito de time. Diante do recrutamento emergencial dos médicos em todo Brasil para o atendimento de pacientes portadores da Covid-19 sob risco de insuficiência respiratória aguda, os anestesiologistas se mostraram os profissionais mais indicados nas unidades Covid e na composição de times de resposta rápida para IOT. Em nenhum momento nos furtamos do protagonismo desse papel e do risco que ele representava, ao contrário, aceitamos o desafio. Anestesiologistas em todo o país se colocaram no front dessa pandemia que configura verdadeiro cenário de guerra. Agora com a aquisição das vacinas soube-se que os médicos anestesiologistas não foram contemplados na primeira fase da vacinação em nosso país. Como entendemos ser o anestesiologista parte do grupo prioritário, não apenas pelo altíssimo risco de contaminação pela elevada exposição aos aerossóis, mas também por ser força de trabalho fundamental nesse cenário de guerra, onde as baixas desses profissionais médicos impactarão em perda de inúmeras outras vidas, temos questionado aos secretários estaduais e municipais das capitais de todo o país, quais critérios utilizados na priorização das vacinas. A SBA representada pelo Dr. Luis Antonio Diego, diretor de Defesa Profissional, elaborou documento explicando às autoridades o papel primordial dos anestesiologistas nessa pandemia, solicitando que todos os anestesiologistas fossem contemplados nessa fase inicial. Sabemos que os brasileiros aguardam a vacinação e anseiam por celeridade no processo e que esta seja distribuída a todos, mas é necessário avaliar as prioridades, pois só assim poderemos fazer o enfrentamento da Pandemia até que toda população possa estar imunizada e a vida possa retornar a normalidade. Janeiro 2021
O ano de 2020 ficará na memória da anestesiologia dezembro 7, 2020dezembro 9, 2020 Por Luis Antonio dos Santos Diego, diretor do Departamento de Defesa Profissional da SBA Estamos num momento ímpar da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, um ano atípico, mas de muito trabalho e muita reflexão sobre o que fazemos e como fazemos. O mundo virtual que se descortinou diante de nós abriu muitas possibilidades, tantas, aliás, que precisaremos focar no que é absolutamente fundamental para a razão da existência da SBA: nossos associados. Foi assim o ano todo e será nos que estão porvir. O Departamento de Defesa Profissional também se engajou em diversos projetos e todas as Comissões permanentes trabalharam muito, mas especialmente a Comissão de Saúde Ocupacional. Dentre as inúmeras realizações, encontra-se a participação na atualização da Carta de Recife, juntamente com as Regionais signatárias que se fizeram representar no Siso em setembro deste ano. Antes mesmo, já vínhamos, todos juntos e colaborativamente, apresentando as possíveis melhorias que poderiam fazer parte dessa atualização. O retorno só não foi maior do que o prazer de todos nós em realizar essa tarefa. Juntos fizemos os naturais ajustes que qualquer documento dessa magnitude necessita, principalmente quando 2 anos parecem 20 anos diante de tantas modificações. Estamos publicando na próxima Anestesia em Revista, ainda nesse mês de dezembro de 2020, essa atualização. A grande novidade é a possibilidade de todos os signatários virem a compartilhar projetos com todos os outros signatários. Esses projetos ficarão na aba permanente da Carta de Recife no Portal SBA e assim todos poderão se beneficiar das iniciativas exitosas que cada signatário promoveu. A Carta de Recife já é mais que uma brilhante iniciativa que há dois anos nasceu durante o Siso na belíssima cidade do Recife sob os auspícios da Saepe e uma confraternização linda, na qual não tive o prazer de participar. Hoje a Carta de Recife é um conceito pelo qual lutaremos. A SBA cumprirá seu papel e todos os signatários, temos certeza, estarão ombro-a-ombro