Gerenciamento da Anestesia Segura julho 18, 2021julho 20, 2021 Por dr. Airton Bagatini TSA-SBA Responsável pelo CET do SANE Coordenador da Perspectiva Assistencial do Hospital Ernesto Dornelles de Porto Alegre (RS) Presidente da SBA – Gestão 2013. Não restam dúvidas de que os avanços na área da saúde, especialmente no âmbito diagnóstico e cirúrgico, trouxeram benefícios extraordinários para o tratamento de patologias inimagináveis no passado. Porém, estes avanços não são isentos de riscos associados e gerenciá-los é o desafio nas perspectivas atuais. Neste sentido, a Segurança do Paciente, conceituada como redução a um mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado ao cuidado em saúde ganha espaço e notoriedade. Inúmeras Fundações governamentais e não governamentais, Associações, Redes e Institutos preocupados e interessados no tema foram criadas e a partir destas ações de melhorias, campanhas, protocolos e iniciativas foram propostas visando minimizar o impacto dos erros nas instituições de saúde, garantindo segurança ao paciente, ao profissional de saúde e à própria instituição. Na prática atual, os resultados destas ações ainda estão longe do ideal e a Segurança do Paciente é considerada um grave problema de saúde pública. O complexo segmento da saúde segue operando com um baixo grau de confiabilidade e os pacientes sofrendo danos preveníveis durante o seu processo assistencial. A assistência cirúrgica tem papel fundamental neste contexto. Estima-se que mundialmente sejam realizadas 187 a 281 milhões de cirurgias por ano e os resultados alertam para a necessidade urgente de mudança: sete milhões de pacientes cirúrgicos apresentam complicação decorrente do procedimento; a cada quatro pacientes cirúrgicos, um sofre alguma complicação perioperatória; dos eventos adversos em pacientes hospitalizados, em média 50% estão relacionados a cirurgia; a mortalidade varia de 0,4 a 0,8% nos países desenvolvidos e de 5 a 10% naqueles em desenvolvimento; e, 50% das complicações são consideradas evitáveis. As causas para a ocorrência destes eventos são multifatoriais. Diferentemente do passado, quando se creditava unicamente ao profissional envolvido a culpa pelo incidente, hoje sabe-se que falhas nos processos de trabalho, estrutura física inadequadas das organizações, falhas de comunicação, sobrecarga, distrações e o trabalho solitário do médico são alguns dos fatores que contribuem para a insegurança nas instituições de saúde. Em comparação com uma década atrás, agora temos uma boa compreensão da fenomenologia do erro e do dano. Na busca por estratégias que de fato garantam uma assistência segura aos pacientes bem como melhorias sustentadas e generalizadas para os sistemas de saúde, partilhar de uma cultura de segurança emerge como um requisito essencial a ser desenvolvido e aprimorado. A segurança deve ser vista através dos olhos dos pacientes e gerenciada com uma visão estratégica e ampla, não simplesmente pontuada em falhas específicas.